quinta-feira, setembro 04, 2003

 
093 - O PACTO DE ESTABILIDADE

Reproduzir aqui um post do Abrupto, de Pacheco Pereira, cheira a pretensiosismo da minha parte. O Abrupto é certamente um dos blogues com maior indíce de leitura da nossa blogosfera. Pretender ampliar aqui essa leitura é quase ridículo. Mesmo assim, insisto. Chamando a vossa atenção para uma questão-chave que se irá arrastar durante os próximos meses. Nem sempre estou de acordo com as teses do Abrupto. Mas com esta estou, inteiramente:

A VIOLAÇÃO DO PACTO DE ESTABILIDADE PELA FRANÇA E ALEMANHA
é algo que deve ser seguido com muita atenção, porque pode mostrar como são as relações de poder na UE nos dias de hoje, marcados por uma grande retórica europeísta .

A França, que é um dos países que quer ir mais para a frente com a Constituição, de que se considera pai e mãe com a Alemanha, tem, a propósito da violação do Pacto de Estabilidade, com os seu déficit previsto e reincidente de 4% ,um discurso interno de absoluto desprezo pelo Pacto e de afirmação unilateral dos interesses franceses. O Pacto foi proposto pela Alemanha e pela França com o objectivo de condicionar os pequenos países do Sul, Portugal inclusive, que tinham imagem de "gastadores", e podiam pôr em causa a estabilidade do euro. O Pacto prevê sanções e pesadas. Portugal foi ameaçado com elas ainda bem recentemente. Ora, não se vê que a Comissão mostre grande vontade de as aplicar à França e à Alemanha...
Isto é inadmissível. Espera-se que Portugal tenha a máxima firmeza, exigindo que, o que se aplica a Portugal, se aplica à França e à Alemanha. Se se admite a duplicidade numa matéria que não oferece qualquer ambiguidade, aceita-se a humilhação.