sábado, julho 05, 2003

 
055 - A INDUSTRIA EDITORIAL, HOJE

Há coisas que nos custam dizer em voz alta; mas há coisas que teremos de ter a coragem de começar a dizer em voz alta.
Fez bem o editor Manuel Alberto Valente ao colocar este post no seu blogue:

PEQUENA REFLEXÃO SOBRE A EDIÇÃO
Publicam-se muitos livros. Publicam-se mesmo demasiados livros. Mas quantos desses livros não passam de espuma que o vento levará? Todos temos consciência disso. Mas são as regras da indústria editorial.
Vão longe os tempos em que um editor publicava apenas os livros de que gostava. Já ninguém o faz, mesmo aqueles que, para auto-promoção, dizem fazê-lo. Publica-se o que dá para poder publicar-se o que não dá. É bom que se perceba esta dinâmica. Muitos livros "minoritários" ficariam sem editor se não fosse a existência dos best-sellers que os sustentam.


É verdade. Sendo a industria editorial uma actividade eminentemente privada, não há outra solução. Sobretudo enquanto o Estado não se preocupar com a correcção dos actuais indíces de leitura, como os recentemente publicados, sem qualquer alteração significativa relativamente aos de anos anteriores.
É verdade. Muitos livros e autores importantes ficariam por publicar se não fosse a ajuda dos chamados "best-sellers", ou "livros mediáticos" como lhes chamamos hoje. Para além do mais eles representam "leituras" (novas pessoas conquistadas para a leitura), um modo de enfrentar outras formas de ocupação do tempo. E sem leituras não nascem leitores (pessoas que crescem, evoluem, aprendem a seleccionar, aperfeiçoam o sentido crítico, que irão gradualmente procurando outro tipo de livros).