quinta-feira, julho 03, 2003
051 - OS NOVOS EMIGRANTES, 3
Regresso então a este tema.
Os dados seguintes estão contidos num estudo intitulado “Os Movimentos Migratórios Externos e a sua Incidência no Mercado de Trabalho em Portugal”, de que é co-autora a socióloga Maria Ioannis Baganha, professora da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, e foram reproduzidos no DN de 26.06.2003.
1. Cinco milhões de portugueses vivem actualmente fora do país, o que é um número deveras impressionante se comparado com o total da nossa população;
2. 31% estão na Europa (França, Reino Unido, Suíça, Alemanha, Espanha, Luxemburgo) os restantes noutros continentes;
3. Cem mil portugueses atravessam a fronteira anualmente em busca de trabalho no exterior;
4. O saldo entre as saídas e os regressos é mais ou menos equilibrado;
5. Apesar desse equilíbrio, nos últimos 10 anos, o número de saídas consistentes é de cerca de 300 mil;
6. Anteriormente, as regiões do norte do país contribuíam com o maior número de emigrantes. Actualmente tem-se destacado a subida da região de Lisboa e Vale do Tejo;
7. Portugal é o país europeu com a maior taxa de emigração;
8. A melhoria das habilitações literárias (sobretudo os recém-licenciados) distingue os actuais emigrantes das anteriores gerações. Cerca de 80% dos nossos emigrantes actuais têm o ensino básico e 11,3% o ensino secundário ou superior (INE);
9. Em confronto com este número de saídas, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras indica que, para além dos legais, Portugal tem neste momento cerca de meio milhão de imigrantes ilegais;
10. Dada a situação económica do país todas estas tendências tenderão a agravar-se nos próximos anos;
11. Em 2002 houve já um aumento das saídas de 32,9%, representando mais de 27 mil novos emigrantes, com especial incidência nas mulheres (INE) ;
12. Conclusão da CGTP (Carlos Trindade): exportamos hoje mão de obra qualificada em busca de emprego e de melhores salários, recebemos mão de obra barata, desprotegida e sem regalias sociais, em benefício claro dos empregadores;
13. A Assembleia da República recebeu, entre 26 e 28.06., os 97 conselheiros do Plenário do Conselho das Comunidades Portuguesas (o tal onde esteve presente aquele senhor ex-agente da PIDE que foi (ou esteve para ser, ou chegou a ser e depois não foi) condecorado pelo Presidente da Republica. O objectivo desta reunião seria discutir o apoio consular aos nossos emigrantes, o ensino da língua portuguesa, etc. Desconhecem-se ainda conclusões;
Eu não sou especialista destas matérias. Deixo aqui apenas os números recolhidos, que dão muito que pensar. Não posso deixar de considerar acertado o comentário transcrito da CGTP.
O Presidente da República (e o próprio Primeiro-Ministro) têm tentado promover a reflexão sobre estes temas. Refiro-me concretamente ao grupo de trabalho dinamizado pela Profª. Maria João Rodrigues (actual Presidente do Conselho da Comissão Europeia para as Ciências Sociais), trabalhando sobre temas como os da criatividade, inovação, produtividade e competitividade.
Aos interessados, não posso deixar de indicar a leitura do livro “Para Uma Política de Inovação em Portugal” (2003), publicado pela DQ (perdoem a publicidade justificada).
Mas deixo o que me parece ser uma terrível interrogação: para quem estamos de facto a formar os nossos trabalhadores e os nossos jovens licenciados? Quando é que estas políticas se orientarão também para os empregadores?
Os dados seguintes estão contidos num estudo intitulado “Os Movimentos Migratórios Externos e a sua Incidência no Mercado de Trabalho em Portugal”, de que é co-autora a socióloga Maria Ioannis Baganha, professora da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, e foram reproduzidos no DN de 26.06.2003.
1. Cinco milhões de portugueses vivem actualmente fora do país, o que é um número deveras impressionante se comparado com o total da nossa população;
2. 31% estão na Europa (França, Reino Unido, Suíça, Alemanha, Espanha, Luxemburgo) os restantes noutros continentes;
3. Cem mil portugueses atravessam a fronteira anualmente em busca de trabalho no exterior;
4. O saldo entre as saídas e os regressos é mais ou menos equilibrado;
5. Apesar desse equilíbrio, nos últimos 10 anos, o número de saídas consistentes é de cerca de 300 mil;
6. Anteriormente, as regiões do norte do país contribuíam com o maior número de emigrantes. Actualmente tem-se destacado a subida da região de Lisboa e Vale do Tejo;
7. Portugal é o país europeu com a maior taxa de emigração;
8. A melhoria das habilitações literárias (sobretudo os recém-licenciados) distingue os actuais emigrantes das anteriores gerações. Cerca de 80% dos nossos emigrantes actuais têm o ensino básico e 11,3% o ensino secundário ou superior (INE);
9. Em confronto com este número de saídas, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras indica que, para além dos legais, Portugal tem neste momento cerca de meio milhão de imigrantes ilegais;
10. Dada a situação económica do país todas estas tendências tenderão a agravar-se nos próximos anos;
11. Em 2002 houve já um aumento das saídas de 32,9%, representando mais de 27 mil novos emigrantes, com especial incidência nas mulheres (INE) ;
12. Conclusão da CGTP (Carlos Trindade): exportamos hoje mão de obra qualificada em busca de emprego e de melhores salários, recebemos mão de obra barata, desprotegida e sem regalias sociais, em benefício claro dos empregadores;
13. A Assembleia da República recebeu, entre 26 e 28.06., os 97 conselheiros do Plenário do Conselho das Comunidades Portuguesas (o tal onde esteve presente aquele senhor ex-agente da PIDE que foi (ou esteve para ser, ou chegou a ser e depois não foi) condecorado pelo Presidente da Republica. O objectivo desta reunião seria discutir o apoio consular aos nossos emigrantes, o ensino da língua portuguesa, etc. Desconhecem-se ainda conclusões;
Eu não sou especialista destas matérias. Deixo aqui apenas os números recolhidos, que dão muito que pensar. Não posso deixar de considerar acertado o comentário transcrito da CGTP.
O Presidente da República (e o próprio Primeiro-Ministro) têm tentado promover a reflexão sobre estes temas. Refiro-me concretamente ao grupo de trabalho dinamizado pela Profª. Maria João Rodrigues (actual Presidente do Conselho da Comissão Europeia para as Ciências Sociais), trabalhando sobre temas como os da criatividade, inovação, produtividade e competitividade.
Aos interessados, não posso deixar de indicar a leitura do livro “Para Uma Política de Inovação em Portugal” (2003), publicado pela DQ (perdoem a publicidade justificada).
Mas deixo o que me parece ser uma terrível interrogação: para quem estamos de facto a formar os nossos trabalhadores e os nossos jovens licenciados? Quando é que estas políticas se orientarão também para os empregadores?