terça-feira, maio 13, 2003

 
009 - BRASIL

Eis-me de partida para o Brasil - agora que o Lula se prepara finalmente para vir a Portugal, antes do verão.
Para participar da apresentação de uma nova editora do grupo editorial a que pertenço, a Planeta-Brasil.
Uma editora brasileira que, sob influência da DQ, se inicia com um autor português entre os seus livros de estreia: a escritora Inês Pedrosa.
Três jovens editores (a Ruth Lanna, que sai da Companhia das Letras, o Paulo Roberto Pires, jornalista reconhecido, o Pascoal Soto, que se dedicará principalmente à àrea infantil), emocionados com o seu novo trabalho, preparados para enfrentar um imenso mercado de leitores num país em profundas transformações.
No passado, editores portugueses e brasileiros, fizeram sucessivas tentativas para resolver o problema da circulação dos seus livros no mercado contrário. Sempre mal resolvidas. Por falta de vontade de ambos os Estados no apoio à resolução das dificuldades, pelas elevadas despesas de transporte e alfandegárias que sobrecarregavam gravemente o preço dos livros dificultando a sua circulação, pelas diferenças entre a estrutura da língua que se foram acentuando, pela concorrência entre os dois países na aquisição internacional de direitos de autor para a mesma língua, cada um impedindo a edição, pelo outro, de alguns textos fundamentais, etc.
A solução parece estar aqui, agora. Na relação estreita entre duas editoras em cada um dos países e nos meios tecnológicos actualmente disponíveis; na negociação conjunta de direitos internacionais para a mesma língua; na edição e promoção local, por cada uma das editoras, dos autores da outra; pela existência de duas estruturas autónomas funcionando em colaboração.
Ou seja: aquilo que os Estados não foram capazes de resolver vão resolvê-lo finalmente os editores privados.
Tudo isto acontecerá esta semana durante a Bienal do Livro do Rio de Janeiro.
Com o anúncio da atribuição do Prémio Camões a um importante escritor brasileiro, Rubem Fonseca (publicado em Portugal pela DQ e pela Campo das Letras, do Porto).
Não digo que as relações culturais entre os dois países sofram com isto radicais transformações e melhorias. Seria esperar demais. Seria sobretudo ter excessivas ilusões num campo onde tudo, ou quase tudo, se encontra por fazer.
Esperemos apenas que isto seja o indicio de que alguma coisa diferente poderá vir a acontecer.
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